segunda-feira, 8 de maio de 2017

Fernando Pessoa e seus heterônimos

          Fernando Pessoa usou seu próprio nome (ortônimo) e seus heterônimos para suas obras. Os seus principais heterônimos e mais conhecidos são Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. As duas obras mais importantes assinadas por Fernando Pessoa e seus heterônimos é o Livro do Desassossego, lançado em 1999 e a outra obra é o Livro Mensagem, lançado em 1934. O Desassossego contém fragmentos de vários tipos de reflexão, seguindo uma influência do humor do autor, suas emoções, amores e seus valores morais.
O Livro Mensagem reúne poemas acerca de grandes personagens da história portuguesa. Na obra o poeta defende o que acha justo, verdadeiro e não tem medo de ir contra outros pensamentos. Ele foi publicado enquanto Pessoa ainda era vivo.

Obras de Fernando Pessoa

Do  Livro do Desassossego
      Ficções do interlúdio: para além do outro oceano
Na Floresta do Alheamento
  Banqueiro Anarquista
  Marinheiro
      Por  ele mesmo
Poesias de Fernando Pessoa

  A barca
  Aniversário
  Autopsicografia
  À Emissora Nacional
  Amei-te e por te amar...
  Antônio de Oliveira Salazar
  Elegia na Sombra
  Isto
  Liberdade
  Mar português
  Mensagem
  Natal
  O Eu profundo e os outros Eu's
  O cancioneiro
  O Menino da Sua Mãe
  O pastor amoroso
  Poema Pial
  Poema em linha reta
  Poemas Traduzidos 
  Poemas de Ricardo Reis
  Poesias Inéditas 
  Poemas para Lili
  Poemas de Álvaro de Campos
  Presságio
  Primeiro Fausto
  Quadras ao gosto popular
  Ser grande
  Solenemente
  Todas as cartas de amor...
  Vendaval
  Alguns poemas
Tabacaria
“...Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Génio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho génios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora génios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.(...)”
 
                                                                                                                   ~ Álvaro de Campos

Ode Triunfal
“...À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica  
Tenho febre e escrevo.  
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,  
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!(...)”
 
                                                                                                                   ~ Álvaro de Campos

Não sei quantas almas tenho
“...Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.(...)” 
                                                                                                                   ~ Fernando Pessoa

Não tenhas pressa

“...Não tenho pressa. Pressa de quê?
Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra....”
 
                                                                                                                   ~ Alberto Caeiro

Quando eu  não te tinha 

“...Quando eu não te tinha 

Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo. 

Agora amo a Natureza 

Como um monge calmo à Virgem Maria, 

Religiosamente, a meu modo, como dantes, 

Mas de outra maneira mais comovida e próxima ... 

Vejo melhor os rios quando vou contigo 

Pelos campos até à beira dos rios;(...)” 
                                                                                                                   ~ Alberto Caeiro

Anjos ou Deuses

“...Anjos ou deuses, sempre nós tivemos,
A visão perturbada de que acima
De nos e compelindo-nos
Agem outras presenças.
Como acima dos gados que há nos campos
O nosso esforço, que eles não compreendem,
Os coage e obriga
E eles não nos percebem,
Nossa vontade e o nosso pensamento
São as mãos pelas quais outros nos guiam
Para onde eles querem E nós não desejamos.(...)”
 
                                                                                                                   ~ Ricardo Reis

Tenho mais almas que uma
“...Vivem em nós inúmeros;
Se penso ou sinto, ignoro
Quem é que pensa ou sente.
Sou somente o lugar
Onde se sente ou pensa.

Tenho mais almas que uma.
Há mais eus do que eu mesmo.
Existo todavia
Indiferente a todos.
Faço-os calar: eu falo.

Os impulsos cruzados
Do que sinto ou não sinto
Disputam em quem sou.
Ignoro-os. Nada ditam
A quem me sei: eu 'screvo.”
 
                                                                                                                   ~ Ricardo Reis



3 comentários:

  1. A heteronímia são características pessoais da personalidade de Fernando Pessoa, os vários "eu's", as identidades desdobradas e o fingimento despreocupado, um perfil que alicerçou sua criação literária.

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  2. "Há mais eus do que eu mesmo..." Mega forte, né?

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  3. Muito útil pra quem busca conhecer
    mais sobre a vida e obra de Fernando Pessoa.

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