Fernando Pessoa usou seu próprio
nome (ortônimo) e seus heterônimos para suas obras. Os seus principais
heterônimos e mais conhecidos são Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de
Campos. As duas obras mais importantes assinadas por Fernando Pessoa e seus heterônimos
é o Livro do Desassossego, lançado
em 1999 e a outra obra é o Livro Mensagem, lançado em 1934. O
Desassossego contém fragmentos de vários tipos de reflexão,
seguindo uma influência do humor do autor, suas emoções, amores e seus
valores morais.
O Livro Mensagem reúne poemas acerca
de grandes personagens da história portuguesa. Na obra o poeta defende o que
acha justo, verdadeiro e não tem medo de ir contra outros pensamentos. Ele foi
publicado enquanto Pessoa ainda era vivo.
Obras de Fernando Pessoa
Do Livro do Desassossego
Ficções do interlúdio: para
além do outro oceano
Na Floresta do Alheamento
O Banqueiro Anarquista
O Marinheiro
Por ele mesmo
Por ele mesmo
Poesias de Fernando
Pessoa
A
barca
Aniversário
Autopsicografia
À Emissora Nacional
Amei-te e por te amar...
Antônio de Oliveira Salazar
Elegia na Sombra
Isto
Liberdade
Mar português
Mensagem
Natal
O Eu profundo e os outros
Eu's
O cancioneiro
O Menino da Sua Mãe
O pastor amoroso
Poema Pial
Poema em linha reta
Poemas Traduzidos
Poemas de Ricardo Reis
Poesias Inéditas
Poemas para Lili
Poemas de Álvaro de Campos
Presságio
Primeiro Fausto
Quadras ao gosto popular
Ser grande
Solenemente
Todas as cartas de
amor...
Vendaval
Alguns
poemas
Tabacaria
“...Que sei eu do que
serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Génio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho génios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora génios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.(...)”
~ Álvaro de Campos
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Génio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho génios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora génios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.(...)”
~ Álvaro de Campos
Ode Triunfal
“...À dolorosa luz das grandes lâmpadas
elétricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens,
r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!(...)”
~ Álvaro de Campos
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!(...)”
~ Álvaro de Campos
Não sei quantas almas tenho
“...Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.(...)”
~ Fernando Pessoa
~ Fernando Pessoa
Não tenhas pressa
“...Não tenho pressa.
Pressa de quê?
Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra....”
~ Alberto Caeiro
Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra....”
~ Alberto Caeiro
Quando
eu não te tinha
“...Quando eu não te tinha
Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo.
Agora amo a Natureza
Como um monge calmo à Virgem Maria,
Religiosamente, a meu modo, como dantes,
Mas de outra maneira mais comovida e próxima ...
Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos até à beira dos rios;(...)”
~ Alberto Caeiro
Anjos ou Deuses
“...Anjos ou deuses, sempre nós tivemos,
A visão perturbada de que acima
De nos e compelindo-nos
Agem outras presenças.
Como acima dos gados que há nos campos
O nosso esforço, que eles não compreendem,
Os coage e obriga
E eles não nos percebem,
Nossa vontade e o nosso pensamento
São as mãos pelas quais outros nos guiam
Para onde eles querem E nós não desejamos.(...)”
~ Ricardo Reis
A visão perturbada de que acima
De nos e compelindo-nos
Agem outras presenças.
Como acima dos gados que há nos campos
O nosso esforço, que eles não compreendem,
Os coage e obriga
E eles não nos percebem,
Nossa vontade e o nosso pensamento
São as mãos pelas quais outros nos guiam
Para onde eles querem E nós não desejamos.(...)”
~ Ricardo Reis
Tenho mais almas que uma
“...Vivem em nós inúmeros;
Se penso ou sinto, ignoro
Quem é que pensa ou sente.
Sou somente o lugar
Onde se sente ou pensa.
Tenho mais almas que uma.
Há mais eus do que eu mesmo.
Existo todavia
Indiferente a todos.
Faço-os calar: eu falo.
Os impulsos cruzados
Do que sinto ou não sinto
Disputam em quem sou.
Ignoro-os. Nada ditam
A quem me sei: eu 'screvo.”
~ Ricardo Reis
Se penso ou sinto, ignoro
Quem é que pensa ou sente.
Sou somente o lugar
Onde se sente ou pensa.
Tenho mais almas que uma.
Há mais eus do que eu mesmo.
Existo todavia
Indiferente a todos.
Faço-os calar: eu falo.
Os impulsos cruzados
Do que sinto ou não sinto
Disputam em quem sou.
Ignoro-os. Nada ditam
A quem me sei: eu 'screvo.”
~ Ricardo Reis
Referências Bibliográficas:
http://brasilescola.uol.com.br/literatura/fernando-pessoa-seus-heteronimos.htm
http://www.citador.pt/poemas/a/alvaro-de-camposbrbheteronimo-de-fernando-pessoa
http://portugues.uol.com.br/literatura/cinco-poemas-ricardo-reis.html
http://www.citador.pt/poemas/a/alberto-caeirobrheteronimo-de-fernando-pessoa
A heteronímia são características pessoais da personalidade de Fernando Pessoa, os vários "eu's", as identidades desdobradas e o fingimento despreocupado, um perfil que alicerçou sua criação literária.
ResponderExcluir"Há mais eus do que eu mesmo..." Mega forte, né?
ResponderExcluirMuito útil pra quem busca conhecer
ResponderExcluirmais sobre a vida e obra de Fernando Pessoa.